GALINHAS X CONSERVADORISMO NA MODA: o que o bicho mais estiloso do galinheiro tem a dizer sobre os rumos da moda brasileira?

 

Toda vez que a moda caminha para um lado muito extremo — seja o luxo silencioso ou a caretice escancarada —, surge um movimento rebelde, que chuta o balde e devolve o caos criativo ao guarda-roupa. E é nesse vai e vem que a galinha cisca seu espaço com estilo.

Nos últimos anos, vimos a estética conservadora ganhar força: cortes retos, tons neutros, paletas beges e posturas comedidas. Tudo muito sóbrio, muito elegante, muito… comportado. Não à toa: vivemos um mundo onde o conservadorismo cresce na política, refletindo na sociedade e, claro, na moda. Como sempre, a moda reage a esses movimentos.

É nesse contexto que a galinha entra em cena. E não qualquer galinha — irreverente, maximalista, cafona com orgulho. Ela veio do quintal, da memória afetiva e do exagero permitido. Ela não quer agradar. E talvez seja exatamente disso que a moda brasileira precise.

Enquanto as grandes maisons enfrentam trocas constantes de diretores criativos e tentam recuperar a relevância perdida, a galinha oferece algo que muitas marcas esqueceram: afeto, identidade e humor. Um caminho possível para uma moda brasileira com alma, que abrace o popular e o simbólico.

A marca cearense Marina Bitu recentemente lançou uma t-shirt com estampa de galinha. Em ares internacionais, temos a Bottega Veneta, com a coleção The Ark - Summer 25, reinventando a cadeira saco (ou aquele puff que tínhamos no quarto quando adolescentes), em formato de animais — entre eles, a galinha/pintinho, com cara de infância e status de objeto de desejo. Não são apenas produtos: são sinais. De que o futuro pode estar mais no galinheiro que na sala de reuniões.

Muito se discute sobre qual é o verdadeiro DNA da moda brasileira. Talvez ele não esteja nos salões da elite, mas no rural com humor. Na mistura de afeto, ousadia e caos visual. Uma estética que não quer aprovação — quer provocar.

Porque, no fim, enquanto a moda conservadora tenta silenciar, a galinha canta alto.

 

 

— por LÖWIO